31/01/2019

Estou aqui, sentada na sala do nosso novo lar. Depois de uma longa jornada, estou aqui fazendo um exercício sobre metas para a vida que desejo ter, sobre a vida que desejo criar.
Fico presa em um monte de padrões da vida antiga, sem saber exatamente para onde ir, o que escrever.
Nos últimos dias tentei ao alcançar como um sonho que, ao acordar, tentamos voltar, e não acontece.
Minha cabeça tem funcionado de forma bem diferente do que estava acostumada, tenho feito meditações, orações, mantras, afirmações e isso tem feito minha cabeça ficar diferente e ainda não sei como fazer para utilizar este novo mecanismo.
Mas hoje, ao pensar sobre esta vida que desejo criar, eu vi uma casa clara, limpa, clean, minimalista, aliada a outras coisas poluídas visualmente, com uma alimentação saudável e momentos com som alto, fritura e uma cervejinha, a contradição das ações me deram dor no estômago. Voltei as afirmações, para reequilibrar a energia.
Pela primeira vez a minha mente trabalhou comigo. Me mostrou o que tenho feito. Estou angustiada a semana toda tentando criar uma vida organizada, congruente, simétrica, tudo arrumadinha e constante. E agora vejo que na verdade tudo é assimétrico. Vi que a simetria carrega uma falsa perfeição, daquelas construídas em computadores.
Neste momento experimentado uma versão beta de uma vivência incrível de uma amiga naturopata Juliana Bernardo, " Florescer para uma nova Vida - 7 lições da Natureza para Transformação Pessoal". E com este convite observei a natureza e percebi que a simetria não lei, nada é igual, tudo se mescla, em um caos organizado.
Minha mente continuou o trabalho positivo e me vi em frente a gavetas, em cada uma delas havia algo que eu queria pegar, mas me senti na obrigação de pegar o conteúdo da gaveta toda.
Vida saudável, vem com uma caixa completa de atitudes, métodos, e estilos. Minimalismo vem com vários critérios. Me perdi, me afoguei dentro das informações de cada gaveta, e voltava para frente do gaveteiro com certeza de que muito daquela gaveta eu não queria. Desejava apenas um pedacinho. E percebi, enfim que minhas angústias estavam aí.
Como criar algo que seja seu, quando há dentro de si a crença de que tem de comprar o pacote completo?
Como ser mãe sem comprar o pacote completo de maternagem? Como ser esposa sem comprar o pacote dos arquétipos sociais? Como ser amiga sem a frequência exigida? Profissional, sem horas exaustivas de trabalho?
Tudo que desejo ser se torna antagônico com o que desejo, se carregar varias coisas que não quero carregar.
E no fundo, fortalecendo a crença, vem a voz de várias pessoas queridas, que afirmam que nunca farei apenas aquilo que gosto, que sempre tem coisas que não vou gostar de fazer.  E muito diferente fazer algo que não e tao legal, mas que fortalece a empreitada naquilo que sonha, do que fazer coisas que não gosta para ter direito de fazer o que te dá prazer. 
Quando penso nisso sinto raiva, e ela faz meu estômago doer. Mas desta vez resolvi utilizar esta raiva pra criar uma vida que eu faça apenas o que amo fazer, que tenha apenas o que me faz feliz, e onde atue de acordo com minha essência.
Na natureza não há nenhum animal que faça algo que não lhe faça bem. Apenas os domesticados. E foi aí que entendi a ideia de ser selvagem. Ouvi por um tempão sobre a mulher selvagem que deveria despertar dentro de mim, e ela me visitou também nesta semana pra ver se desta vez eu entendia. Agora entendi.
E pela primeira vez minha mente me foi amiga, se rendeu a minha selvageria. Acho que acessei minha eu superior e ela me mostrou em frente a estas gavetas, retirando apenas aquilo que desejava, devolvendo o que não era meu iniciando minha própria gaveta.
Meus itens e desejos antagônicos, conversam entre si e me mostra que sou meio caos e meio paz. Em momentos mais caosce noutros mais paz.
Com caixinha própria. Aberta pra colher de outras, aberta para colherem daqui, pela primeira vez escrevo algo que vou compartilhar sem amarras.
Tenho escrito com medo de expor e criticarem o que há dentro de mim, neste momento não me importo mais, pois aprendi que tudo é espelho. Por muito tempo as criticas feitas as minhas manifestações de alma, me fizeram perder a vontade de viver. Achei que não poderia me manifestar assim, que era errado ser eu mesma. Errada fui de acreditar que alguém fora de mim poderia saber melhor que eu, quem sou, o que é ser eu, ou do que preciso.
Liberdade, é o que eu sinto agora.
Está é a minha caixinha, nela tem minhas percepções, me sinto livre para permitir que visitem, leve o que lhe for útil, o que não for, não leve. Não esqueça que a caixinha é minha. Construída a duras penas é linda para eu viver, e não para você. Respeite a caixinha alheia e faça a sua, onde, nela, seja feliz! Te desejo luz, clareza e felicidade pra encontrar os itens ideais para ela.
Agora livre para coletar o que me corresponde por aí, e abandonar o que não me faz feliz. Sigo, agora construindo minha própria vida, sem simetria, aparentemente caótica, aparentemente instável, incrivelmente linda e naturalmente minha.
Gratidão universo.

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