6/100 "a beleza de viver"

Passei vários dias sem escrever. Alguns dias me cobrei a escrita, em outros, me lembrei do compromisso que tenho comigo de fluir ciclicamente, como tenho aprendido a viver.
E assim foram os últimos dias. Não deixei de escrever por não ver beleza, mas sim por algumas vezes o universo se mostrar tão bel, que parar para escrever me tiraria da beleza do momento presente. Um dia talvez compartilhe, ou não, também aprendi a ver beleza em guardar apenas para mim coisas que são preciosas para minha alma, e de mais ninguém.
Com a ideia de estar presente tão fortemente vivenciada nos últimos dias,hoje retorno meus escritos.
Ontem caminhava pela rua, estava de fones de ouvido, a cidade de São Paulo é muito barulhenta, e depois de um tempo fora daqui, seus ruídos ininterrupto me causam um certo incomodo após horas consecutivas. Percebi que caminhava quase flutuando com a música. Comecei a colocar aquela trilha sonora por aquele caminho, criando um tipo de memória afetiva ao presente de atravessar a rua. 
Uma música chamada "Só você me faz sentir" iniciou e com ela uma nova cena no meu caminho de volta para casa. Um casal atrasado, corria, com sua filha pequena, por volta de uns 3 anos corria atras deles, a mãe corria na frente e o pai atras, corria com a menina, estavam brincando com ela para que ela os acompanhasse nas passadas apressadas. Me lembrei de texto que li sobre adultos correndo e as perninhas pequenas das crianças lutando para alcançar. Das vezes que fiz com minha filha a mesma brincadeira para que correr atras de mim fosse divertido para ela. E das vezes que agradeci por ter corrido comigo,e ter deixado o que preferia ver, e de seu sorriso feliz de saber que havia ajudado.
No fundo da trilha sonora ouvi:

Coragem que me falta pra admitir
que como eu to sentindo agora
só você me fez sentir.

O casal entrou correndo em uma clinica dental, e eu segui com o coração aquecido, pensando que definitivamente aquele trecho era pertinente na minha caminhada, de que definitivamente como eu me sinto agora tem muito da presença e dos momentos vividos com minha pequena.

Ainda ao som da música e com minha menina fortemente embalada por meu coração, olhei para o chão e havia um pedaço de azulejo quebrado vermelho, no formato de coração. Me abaixei e peguei porque sabia exatamente o que fazer com aquilo.

Ao chegar em casa, esperei que ela, Heloísa, voltasse da casa da avó.
Um tempo depois de ter chegado comecei a conversa:
Filha, você gosta de pedrinhas, né?
Ela: Uhum.
Eu: E você gosta de corações, né?
Ela: Uhum. - Com os olhos arregalados esperando ansiosa.
Eu: A mamãe tem uma surpresa para você. Eu estava andando na rua e achei uma pedrinha, e ela é do formato de um coração, você quer ver?

Quando ela viu ficou muito feliz, e saltitante com sua pedrinha de coração. Ela é uma coletora de pedras, folhas secas e galhos. Sempre colhemos e fazemos arte depois quando chegamos em casa.
Viver presente no presente até para dar presentes. rs
Ela havia me dado um presente, semana passada, uma bola que quando pula, brilha. Pediu ao pai para comprar, e escolheu sozinha na loja de crianças, como ela chama uma loja aqui perto. Recentemente descobri uma nova gravidez, ela já sabe e quis comprar um presente para mim e para o bebe, achamos que ficou feliz de saber que vai ganhar um irmão, ou irmã, sua preferência. Quando ganhou a pedrinha, disse lembra mamãe que a Helô comprou o presente pra você. E foi o momento de dizer que presenteamos alguém com aquilo que nos lembra a pessoa, e que não é porque a mamãe trouxe algo para ela que ela teria de trazer para a mamãe, e nem de que temos de fazer isso toda hora. 
Ela com toda a maturidade de um serzinho iluminado de 3 anos. Sorriu concordou. Pegou sua pedra e correu para o pai:

Olha papai! A minha pedrinha de coração que a mamãe trouxe.

Gratidão universo!

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