4/100 "a beleza de viver"

Cada dia é uma dadiva. Ao acordar pela manhã temos a possibilidade de fazer o que nós vai na alma ou tudo diferente daquilo que fizemos para nós distanciar dela.
Percebo que minha desconexão comigo mesma foi enorme. Hoje ainda e grande, mas um pouco menor. Sempre achei que fosse guiada pelo meu coração até que uma depressão profunda foi necessária para me mostrar que não.
Caminhamos entre erros e acertos para encontrar porque motivos estamos nesta terra, porque fomos trazidos aqui pela energia criadora do universo. E durante a nossa jornada esquecemos, deixamos de lado está busca e somos engolidos pelo sistema.
Tenho lutado bravamente para me reconectar com esta essência que faz meu coração vibrar. Mas por muitas e muitas vezes escorrego.
Estou mais livre nesta semana e ao invés de levar a Heloísa a escola tirei um dia inteiro para ficar com ela. Achando que eu tava arrasando, levei ela na exposição do Mickey, ela ama o Mickey. Antes de sair de casa eu já sabia que nao deveria ir, pensei sobre o catavento, mas poxa o Mickey é o Mickey. E saimos.
Ao chegar lá, ela estava super feliz, eu desconfortável com a energia de tudo. Hoje estou muito melhor em perceber a energia das coisas e se me fazem bem. Parecia um mundo de plástico, com pessoas de plástico, sem expressões verdadeiras, não todas claro. Passei por uma loja onde uma jaqueta custava um pouco mais de 24 mil reais. E pensei no salário de uma pessoa que compra, á vista, uma jaqueta neste valor. E claro, me veio a mente que, as vezes, tenho vergonha de cobrar pelo meu trabalho. Me justifico pra mim mesma que só quero pagar minhas contas e as vezes ter o direito de levar minha família para passear. Ri de nervoso.
Seguimos com raramente ouvir um som de alma como a risada da Heloísa, tudo parecia parte de um cenário.
Enfim. Ela estava tao feliz que na porta da exposição ela ria e corria e me dizia que me amava. E eu preocupada dela me amar por estar na exposição de uma marca.

Passeamos e ela era uma das poucas crianças que agiam como criança. Em meio a muitos adultos que haviam pouco como adultos. E meu desconforto foi enorme, quando no final da exposição, onde havia uma tela enorme onde se podia ver o castelo da Disney e, o show de fogos completo, num momento da música da Moana, 3 meninas, incluindo a Heloísa, correram para dancar a música, todas estavam esperando ansiosas pela música. E neste momento uma adulta se sentou em frente ao telão, para gravar e levar consigo um pedaço da exposição. Neste momento tivemos de tirar as meninas que choravam tentando explicar que esperaram pela música do desenho preferido. Pensei na crueldade de fazer crianças de 2, 3 anos aproximadamente entenderem que por mais que esperaram agora, que controlaram suas ansiedades agora seria a vez daquela pessoa adulta. E que a pessoa em nenhum momento controlou sua ansiedade por mais 1 minuto, tempo da música, para que as crianças pudessem brincar, já que para ela a musimú nem era importante e sim mostrar publicamente que esteve ali. Desta vez não consegui controlar meu julgamento, e seria hipócrita dizer que não julguei. Achei absurdo se pedir a crianças que fizessem o que um adulto é incapaz, principalmente quando se apaga a chama do coração daquelas crianças empolgadas, para se atender uma demanda de mídias sociais.
Isso de início me deixou perplexa, depois com raiva, depois com pena da pessoa que para se sentir viva, e pertencente ao mundo de plástico precisava loucamente daquele video, e senti por ela. E me senti mal pelo julgamento.
Vim para casa pensativa e ainda mais observadora, das vezes que contemos as manifestações de alma dos novos seres humanos para que não incomodem os adultos de plástico.
A Heloísa correu para pegar pombas, que eram pássaros quando eu era criança, e hoje são vistas como ratos. E tive de tirar ela do caminho de adultos no celular que corriam loucamente para ganhar um minuto de um tempo todo perdido.
Senti dor, por mim, por ela, e por eles.
E o que e que foi "a beleza de viver" este dia?
Foi uma quinta feira, eu estava tranquila, porque meu trabalho hoje, depois das mudanças que fiz de vida, me permite ter tempo durante a semana para levar minha filha a um passeio, e ainda passei a ver a vida mais leve com tempo de caminhar no tempo dela, de ver as belezas que ela vê, de rir do seu jeito de andar, de levar meia hora ao invés dos possíveis 8 minutos da estação até em casa.
E de no final do dia, a noite quando colocamos ela para dormir, eu fui agradecer pelo dia ao seu lado, eu sempre faço isso. E ao dizer, ela me disse "obrigada mamã, fiquei feliz de passar o dia do seu lado", não por ir a exposição, porque ela diz se for o que vai ao seu coração, mas ela em seguida contou a história de quando ficou brava e teve de fechar os olhos e respirar para acalmar, enquanto estava no meu colo, e disse lembra mamãe. Ela realmente estava agradecendo pelo acolhimento e não pelo passeio.
E algo assim deveria ser " a beleza de viver" top 100.
Gratidão filha, gratidão universo.

Comentários

  1. Que linda... vai continuar uma pessoa maravilhosa quando amadurecer, por que esses bons momentos nunca lhe irão escapar da memoria

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